Semana passada fui solicitada a atender uma mãe , que tinha sido admitida na enfermaria da maternidade após ter realizado parto normal , para o nascimento da primeira filha.Uma jovem de 15 anos, ex -usuária de drogas( segundo ela) e ex- moradora de rua.Muito receptiva ao atendimento, ela me chamou de “tia” durante todo o tempo.A filha dela, uma baby linda, com mais de 3 kg, saudável e sem nenhuma intercorrência pos-nascimento. A história dessa menina me mobilizou, principalmente devido a responsabilidade que eu teria após ouvir todo o relato de vida dela.
Com 9 anos, ela sofreu uma tentativa de estupro por parte do padrasto. Isso resultou em uma crise familiar, pois a mãe e os demais familiares não acreditaram nela. A partir disso ela começou a fugir de casa, até que saiu definitivamente, passou a viver nas ruas e começou a usar drogas. Conheceu o companheiro, que atualmente esta em uma casa de recuperação, e foi recebida pela tia desse companheiro, que se responsabilizou por ela, perante o juizado da infância e da juventude.
Agora essa menina é uma mãe, com toda a responsabilidade que é atribuída a esse cargo, sem a maturidade necessária, e com uma história de vida marcada por traumas , agressões e violências de todos os tipos.Acreditem, ela não é um caso raro. Casos desse tipo não surpreendem mais profissionais de saúde que lidam diariamente com essas situações. E uma pena. Eu prefiro me indignar , questionar e me culpar( porque não?) por essas situações. Ainda consigo...
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